Serginho Groisman celebra mil programas e fala de paternidade: 'Me energizou totalmente'

Como "todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite", neste 23/1, vai ser exibido o Altas Horas de número mil. Serginho Groisman não deixará a data passar em branco, mas não haverá festa, como ele tanto gosta. A pandemia não permite grandes comemorações. Só que nada impede os aplausos e a celebração dele, de sua equipe e do público. Serginho segue incansável e mais atual do que nunca no comando de sua atração.

 

"O tempo passa muito rápido. De repente, a gente fez 20 anos e completou mil programas. Este sábado, não é que seja especial por causa dos mil. Ele é um programa bom, a gente gosta, mas não é uma festa."

 

"Cheguei à conclusão de que no período em que estamos vivendo, não deve dar festa mesmo que seja simbólica. E a edição de mil programas sem a plateia física não teria muito sentido. A gente está lembrando, celebrando, mas sem festa", pontua Serginho.

 

À frente da atração há duas décadas, ele tem 40 anos de carreira e 70 de uma vida ainda com muita lenha para queimar. Apresentador e diretor-geral do programa, Serginho nem cogita aposentadoria. Não faz planos para o futuro, mas segue com a cabeça fervilhando de boas ideias: tem em vista uma biografia, um documentário e um talk show, fora as novidades do Altas Horas, que vive em constante transformação. Se achava que chegaria tão longe? Ele diz que nunca parou para pensar nisso.

 

"Penso no que está acontecendo agora, nas oportunidades que vão aparecendo. Não são projetos, do tipo: 'Ah, quero completar 20 anos... Quando a gente fez 10 já achei muita coisa. Imagina 20? O dobro do que eu imaginava. Tenho uma ocupação muito grande, meu foco é o agora. Não fico projetando o tempo, mesmo porque o tempo parou no ano passado, tudo foi ressignificado."

 

"Então não tenho ideia de quando parar... Sei que o tempo vai seguindo, vamos fazendo dia a dia e toda vez que temos algo para celebrar, a gente celebra. Acho que é um dos programas que mais faz festa. No Altas Horas, qualquer coisa é motivo. Se não tivesse essa pandemia, esse programa de número mil ia ser um projeto muito grande de comemoração."

Pé no freio

Pai de Thomas, de 5 anos, com a dentista Fernanda Molina, o apresentador decidiu com a chegada do filho - quando ele tinha 65 de idade - que era hora de desacelerar e se dedicar mais à família.

 

"Eu dei uma pisada no freio, sim. Diminuí o ritmo em algumas coisas, não na televisão, mas em outros projetos, coisas que eu me organizei para ter o tempo de dedicação para ele. Não faço tanta coisa também, me dedico muito ao programa. Sou o diretor-geral, então tenho que estar presente todos os dias. Hoje, trabalho até mais do que antes da pandemia. Muitas vezes, o Thomas já invadiu as gravações (risos)."

 

A paternidade tem sido transformadora, e Serginho admite que precisou de um gás extra para encarar o pique da criança. Nenhum problema para um cara de espírito jovem e tão apaixonado quanto ele:

 

"Thomas me energizou totalmente, porque tenho que estar à disposição da energia física e psicológica dele. Faço o que posso (risos). Tenho que estar bem para fazer o que ele gosta, que é correr, brincar e eu amo fazer isso com ele. Agora, está na fase dos super-heróis."

 

Relações fortalecidas

 

Isolado com a mulher e o filho em casa, Serginho só sai para gravar o Altas Horas, tomando todos os cuidados necessários, já que voltou aos estúdios. Segundo ele, a convivência intensa só os uniu ainda mais:

 

"A gente se fortaleceu, de verdade. Se tem um lado bom nisso foi conviver tanto com a família nesse quase 1 ano de quarentena. Eles não saem, só eu agora para trabalhar. Thomas entende da maneira dele o que está acontecendo. Às vezes, tem vontade, mas entende que não dá para sair."

 

"Claro que eu tenho medo que essa geração tenha receios, né? Então vamos ver até quando vai. Ele sabe que não pode chegar perto sem máscara, que não pode abraçar, mas tem sido muito compreensivo, parceiro, está crescendo rápido. Naquela fase de querer saber tudo da vida, tudo é 'por que, por que, por que' e as respostas são engraçadas. É o centro dessa boa energia que a gente tem."

 

Com relação ao casal, o apresentador diz não ter enfrentado qualquer crise nesse período de confinamento. Ao contrário: "Tudo tranquilo. A gente nem teve discussões a respeito disso. Convivemos e sabemos que tem que ser assim, que o mau humor tem que passar. Tudo gira em torno do que está acontecendo fora, da impossibilidade que a gente tem."

 

"Eu e minha produção, por exemplo, ninguém ficou doente. Então, essa é uma prova do que faz o isolamento, o distanciamento, isso é muito importante. Está chegando o começo do fim, mas enquanto não chega a gente continua no mesmo ritmo em relação ao Thomas. Colocamos ele na cama entre 9/9h30 da noite para continuar tendo o ritmo que ele tinha antes. Cada dia vai levando."

 

Enquanto não houver imunização, o menino não volta às aulas. Mas Serginho e Fernanda fazem o que podem para ensiná-lo em casa, contando com as aulas on-line.

 

"Por enquanto, a escola é uma incógnita. A gente conversa muito com os professores e ninguém dá 100% de garantia. Aqui, ele já aprendeu todas as letras, sabe os números e a gente incentiva muito, lê pra ele, faz com ele tente ler algumas coisas também. Teve aulas on-line. A gente tenta ter uma disciplina, uma organização. Porque é melhor isso do que ceder à tentação daquilo que pode virar uma tragédia, né?", frisa o apresentador.

"A gente tenta a coisa do argumento com ele, mas é uma criança também, né? Não são todos os desejos que são cumpridos, como os materiais e gastronômicos, porque se deixar ele vive só no doce e no iPad (risos). Tentamos diversificar. É muito amor e muito, muito, muito carinho...".

 

Motivação

 

Serginho conta não ter sido nada fácil a decisão de voltar aos estúdios, mas sua paixão pelo ofício falou mais alto: "Claro que eu tenho receio, mas faço com muito amor."

 

"Já fiz uns oito ou nove testes de Covid. Toda semana tem que fazer, tem que resguardar. Faço questão de abrir o programa com todos de máscara, e na última música todos colocam de novo. Faço questão que o espectador veja isso. Foi uma decisão difícil porque a situação está muito complicada, mas tudo o que é possível fazer em termos de segurança está sendo feito. Saio de casa, entro no estúdio e está todo mundo distanciado, todos testados."

Após longos meses fazendo entrevistas à distância, ele está de volta ao palco e em novo horário – logo após A Força do Querer. O programa continua com participações virtuais, mas também recebe convidados presencialmente, seguindo os protocolos para garantir a segurança de todos e a diversão do sábado à noite!

 

A plateia, marca registrada da atração, segue tendo lugar de destaque participando e interagindo com o apresentador e seus convidados, mas agora é virtual. Também foi montada uma banda fixa para acompanhar as apresentações musicais.

 

"Quando a gente começou a reprisar, achei frustrante. Aí eu mesmo comprei um primeiro equipamento e fiz a cabeça para as reapresentações já de casa. Com o tempo, fui entrevistando essas pessoas que estavam participando das reapresentações. Aí a Globo começou a investir. Mandou câmera semi-profissional, com iluminação, microfone, suporte técnico e comecei a fazer programas que ainda tinham uma cara de videoconferência, mas os conteúdos já eram mais legais."

 

"A gente foi aprimorando a técnica até que agora, apesar de voltar para o estúdio, ainda vou continuar gravando aqui de casa. Teve uma segunda investida com duas câmeras, porque essa volta ainda tem várias restrições por causa do protocolo de segurança. A gente não pode ter duas bandas, não pode pessoas acima de 60, muita gente sendo entrevistada.... Um monte de coisas. O que eu bolei foi um jeito da plateia, que está em casa, poder falar. E ela está falando."

 

Jornalista, formado em 1977 pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Serginho se dedica à cultura e à levar informação para as pessoas muito antes de estrear na televisão. No teatro do cursinho, antes da faculdade, já promovia shows de grandes nomes da música brasileira. Depois trabalhou em rádio, como redator e repórter no começo dos anos 1980.

 

Deu aulas de Jornalismo na Faap, e foi na TV Cultura que deslanchou no programa Matéria Prima, em 1990, falando para o público jovem. Foi então que surgiu o bordão, sua marca registrada, o "fala, garoto!". E por aí vai. Durante a pandemia, mais uma vez ele se reinventou e segue sendo sucesso de audiência.

"Tenho um olhar jornalístico sobre tudo, minha formação é de jornalista. Fui repórter, trabalhei em jornal escrito, rádio, em TV e depois de muito tempo dei aula em faculdade... Fiz uma série de coisas antes de começar na televisão. Minha volta ao estúdio é também, além do entretenimento, de mexer com o espectador para que ele entenda que existem fatos e fatos distorcidos."

 

"Não ter medo de convidar até quem pense diferente do que eu penso, respeitando, mas sempre atento aquilo que é verdade. Trazer alegria, momentos de risada e também de reflexão. Isso que me move, sabe? Poder contribuir um pouco para o bem."

 

Discreto

Querido e respeitado pelo público e pela classe artística, Serginho procura deixar na mira dos holofotes apenas seu trabalho. Na vida real, conseguiu manter sua privacidade. Fora da telinha, leva uma vida normal. É ele, por exemplo, quem faz as compras de casa no mercado.

 

"Minha passagem pela televisão aconteceu sem que eu tivesse que abrir as coisas que eu faço. Supermercado aqui em casa, por exemplo, quem faz sou eu. No último ano não, mas adoro, compro muitas coisas que gosto. Às vezes, Thomas vai comigo. Fernanda faz também, claro. Não sou aquele cara que vai chegar no restaurante, gritando: ‘Aí gente, cheguei'. Tento ir de maneira discreta."

 

"As pessoas nas ruas são muito gentis, parecem que entendem um pouco isso. Minhas redes sociais são quase inexistentes em relação à minha vida particular. Não lembro de ter colocado meu filho no Instagram, talvez no dia em que ele foi ao programa e aí todo mundo viu. Não alimento isso. Talvez as pessoas tenham uma curiosidade, mas eu não incentivo."

 

"Não estou falando que é certo ou errado. Tem quem goste de mostrar o dia a dia, o minuto a minuto, se sente bem com isso, mostrar os filhos... É uma decisão particular, como é a minha também. Eu já tenho meu trabalho para repercutir e já está muito bom."

Livro, documentário e talk show...

 

Ele não para. Como tem tanta história para contar, decidiu que é chegada a hora de colocar sua trajetória nas páginas de um livro, e também de voltar a fazer grandes entrevistas em um talk show.

"Tenho a ideia de escrever a respeito das coisas que testemunhei ou que participei na vida desde a época do colégio, e também como jornalista cobrindo um monte de coisas. Tem muita história. Era para virar um documentário, mas acho que é mais interessante um livro mesmo."

 

"Vai ser uma biografia sem cronologia. Serão capítulos de histórias diferentes. Em princípio, vou escrever, mas vou ter companhia porque preciso refrescar minha memória, porque é tanta gente e tanta coisa. Estamos começando a procurar. Tem uma pessoa da época da escola que eu conheci, um cara que lembra muito mais do que eu. Também tem outra ideia, que é só sobre TV, aí vai ser um documentário."

 

"E, claro, vou continuar focado no programa. Ver o que dá para melhorar, o que pode despertar a vontade de as pessoas verem essa cara que já aparece há tanto tempo na televisão. Entender como está o mundo. Estar sempre antenado para poder fazer boas entrevistas e bons musicais", decreta o apresentador.

 GSHOW

Categoria:Noticias de Atualidades

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