'Só choro esperando ela voltar', diz mãe que perdeu guarda da filha após denúncia de maus-tratos em ritual do candomblé
A
mãe que perdeu a
guarda da filha na Justiça depois de a adolescente, de 12 anos,
passar por um ritual de iniciação no candomblé, em Araçatuba (SP), afirmou que
contratou um advogado para fazer com que a menina volte para casa.
"Não
consigo mais dormir. Só choro esperando ela voltar para casa. Eu acredito que o
juiz na hora que deu a sentença não sabia que era por questão religiosa",
diz Kate Belitani.
O
caso aconteceu no dia 23 de julho deste ano, quando foi registrado um boletim
de ocorrência por maus-tratos de que a menor teria sido vítima. A decisão
judicial saiu nesta segunda-feira (3) após o Ministério Público acatar a
denúncia da avó da menina. Agora, a guarda provisória ficará com a avó.
Segundo
a polícia, um boletim de ocorrência por lesão corporal foi registrado na época.
No registro, os policiais militares disseram que foram acionados para atender
denúncia sobre maus-tratos e possível abuso sexual, que estaria ocorrendo em um
terreiro de candomblé.
Os
policiais, então, encontraram a adolescente com a responsável pelo local.
Indagada, a garota informou que estava em tratamento espiritual há sete dias e
que não sofria maus-tratos. A mãe dela também negou que houve violência.
Além
disso, a equipe conversou com a responsável pelo terreiro, que alegou que a adolescente
estava passando por um tratamento espiritual. Com isso, ela teria que ficar em
confinamento. Porém, ressaltou que a menina não sofreu violência.
Anda
de acordo com o relato dos policiais, a mãe da adolescente esteve no local e
informou que tinha total conhecimento do tratamento espiritual e que sua filha
não sofria qualquer tipo de abuso.
Os
policiais informaram que a adolescente trajava roupas brancas, que remetem à
religião, aparentava tranquilidade e não apresentava hematoma ou lesão
aparente, porém, estava com os cabelos raspados.
Questionada
sobre isso, a garota teria afirmado que rasparam os cabelos durante o
tratamento espiritual.
"O
candomblé é uma religião que existe há 350 anos. A iniciática é raspar [o
cabelo]. Todos iniciados raspam a cabeça dentro do Candomblé, do culto ao
orixá, porque é o nascimento, é o renascimento da vida” diz Rogério da Silva
Martins, pai de santo.
A
menina, então, passou por perícia no Instituto Médico Legal (IML) para
constatação do corte de cabelo, o que o delegado de plantão entendeu como uma
forma de lesão corporal.
"O
médico estava presente e não constatou lesões corporal nenhuma. Ela [a filha]
disse que tanto os pais, como ela tinham consentido a raspagem da cabeça.
Então, não tinha crime nenhum", diz a mãe.
O caso corre em segredo de Justiça.
G1